4.14.2010

Manuel Cintra

É um livro do lado de dentro; chama-se " do lado de dentro"; é pequeno, quase de bolso e insere-se na COLECÇÃO fORMA; na capa existe uma quase esfera verde. E se o leitor, ai o leitor !, ousasse pegar-lhe, eu lhe diria que acabaria a cuspir flores. Manuel Cintra até ao osso, digo.

Afinal o sol tremendo sempre vem
Consome com os dentes o cinzento
E ardem loucos os vermelhos
Que cobrem a erva que me doira
O chão do peito

Afinal então batem-me aqui
Este tambor de sangue
Como um sexo de tempo
Pela vida dentro
E estou para gritar

(parece tão simples, agora eu dava-te a mão, sorria com força, dizia-te as cores da esperança que fui catar com um ancinho, punha-a suave no teu bolso e ardíamos os lábios abertos ao temporal de acreditar)

Então não grito.
Agarro-te na boca
E venho contigo
num abraço
Fazer amor à multidão

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