12.23.2010

Poema de Natal, por Jorge de Lima


Numa certa noite de Natal,
aquele homem de uma grande metrópole
queria um abrigo para passar a noite;
um réveillon, uma mulher ou mesmo um bar servia.
Mas todas essas coisas tinham muitos corações
por dentro delas.

12.22.2010

O HOMEM PÚBLICO N.º1 (ANTOLOGIA), por Ana Cristina César

Tarde aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são,
de uma doçura
venenosa
de tão funda.


( Depois de um muito longo período de férias, o Ajavardamento Poético regressa, já não como finalidade da disciplina de Área de Projecto, mas por si mesmo. Aos leitores que restaram, estejam à vontade para acender o cigarro, encher o copo, trazer amigos e ficar por cá. Até à próxima! )