12.12.2009

A bunda

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,
rebunda.


Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

eleanorigby disse...

Não me digam que foi a Mafalda que postou. Amor pra ela!

mafalda disse...

A bunda nunca é trágica, por isso é sensato prestarmos mais atenção a esta parte do corpo! Quiça sobrevivamos à clausura cognitiva e emocional ! Foi a Mafalda. Amor para a Isabel ( naquela bunda ).