7.14.2010

Desistência



Não percebes a tradução que, para uma Língua longínqua, fizeram do teu pedido de socorro. Estás frente a ela como frente a palavras de um outro. E, no entanto, essas palavras – na língua original, na tua – eram as mais capazes de te colocar novamente no mundo. Sem reconheceres já sequer o tom que gritaste, e enojado com o facto de terem traduzido o teu pedido de socorro para uma Língua desconhecida – eis que desistes e, finalmente, aceitas, com bons modos, a impossibilidade de alguém te ouvir.

"Breves notas sobre o medo", Gonçalo M. Tavares

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